sexta-feira, 25 de março de 2011

Espelho, espelho meu...

Ela pede: Cá, passa maquiagem em mim?
Eu respondo: Fê, você é muito pequena pra essas coisas. Porque quer passar maquiagem?
Ela: Pra ficar igual você!
Fico pensando quais são as justificativas para que alguém queria se parecer comigo.
Acordo de manhã, mau-humorada. Passo o dia mudando de humor.
Masco chiclete com a boca aberta, as vezes. Não estou nem um pouco dentro do meu peso ideal (aliás, nunca estive).
Fico nervosa por coisas pequenas, e deixo comentários maliciosos me abaterem.
Fico indignada com a falta de fidelidade das pessoas.
Me estresso muito rápido, e levo muito jeito para magoar as pessoas.
Demonstro poucos os meus sentimentos, quando tenho medo de me expor demais.
Não sou nenhum padrão de beleza, muito menos de comportamento.
As vezes, não consigo nem medir minha própria tonalidade de voz.
As vezes, também falo dormindo.
Sou louca por filmes que mexem com minhas emoções, e choro sem ter motivo aparente.
Não trato meus pais da forma como deveria, embora esse seja um dos desejos mais profundos.
Estou longe, longe mesmo de ser a namorada perfeita.
Amiga, então?!? Não sou nem capaz de dar abraços espontâneos quando não sinto vontade.
Raramente percebo que fiz alguma coisa errada ou falei alguma coisa errada para alguém importante na minha vida.
Canto alto, ouço música alta e não estou nem aí para precauções como: cuidado com seus tímpanos.
Não uso roupas atraentes e me visto conforme o meu humor.
E o pior de tudo: não consigo entender meus próprios sentimentos!
Como alguém poderia dizer: “Pra ficar igual você”??
Por quê ela disse isso? O que ela vê em mim? Ou melhor, qual lado meu ela vê e aprecia?
Talvez seja por não conhecer a triste realidade do mundo. Ou talvez ela simplesmente tenha falado aquilo para me agradar.
Mas, vindo de quem veio, Fernanda A. (atualmente com 6 anos de idade), não posso nem suspeitar falsidade.
Crianças são verdadeiras, falam o que pensam, e não pensam duas vezes.
Não mentem para magoar. A partir da idade da consciência, sabem muito bem o que fazem de errado, e sabem que mentir é errado. Mas não mentem para magoar. Mentem para se proteger, mentem para conseguir as coisas, mentem porque é da natureza do ser humano.
Mas, a Fernanda não estava mentindo. E eu sei ver nos olhos dela quando ela mente.
Como ela poderia estar falando uma coisa dessas? Por qual motivo queria ficar parecida comigo?
Uma outra princesa da minha vida disse à mãe dela que em tudo ela me uso como parâmetro. Quer namorar com a mesma idade que eu namorei, quer fazer faculdade com a mesma idade que eu comecei, quer fazer trança como eu faço, quer se maquear com meus batons e diz que sou a melhor amiga dela. Beatriz Y.(atualmente, 7 anos)
Não consigo entender o que passa na cabeça delas pra me ver com tão bons olhos!
Confesso que quando estamos juntas, sou outra! Entro no mundo infantil, sou mãe, sou filha, sou vizinha, sou cozinheira...sou o que elas pedem, o que elas quiserem.
Faço comida com folhas do quintal, passo batons vermelhos nelas, passo sombras brilhantes, passo perfumes e desodorantes, empresto minhas blusas apertadas para elas usarem de pijama, dou banho, lavo o cabelo (e depois lavo os olhos com carinho, que ficaram ardendo com o shampoo), assisto 354 vezes o mesmo filme e repito 45879 vezes que NÃO QUERO SABER O FINAL, FIQUEM QUIETAS!
Sou a prima, a melhor amiga, sou quem dorme no colchão com elas, e divido o cobertor. No dia seguinte faço leite com Nescau e, as vezes, bolo de cenoura com cobertura de chocolate.
Se elas me vêem com bons olhos, imagina como eu as vejo!
São inocentes, carinhosas, lindas, puras, sensíveis, amáveis, beijoqueiras, sinceras e muito inteligentes!
Talvez, o mais correto seria, então: EU quero ser como vocês!

terça-feira, 1 de março de 2011

Um príncipe em minha vida

O que faz a nossa história são os personagens. Ou você já leu alguma história sem personagens? Um texto sem caracteres? Um desenho sem rabiscos?
Na minha opinião, o que dá vida a um livro é a forma como o autor descreve os personagens, suas características, gestos e decisões. Faz toda a diferença!

Como não consigo esconder, todos sabem que sou romântica e sonho com contos de fadas. Apesar de acreditar que a vida real é muito mais emocionante que os contos, sempre desejei ter um príncipe em minha vida. E sempre pensei nisso com conotações românticas e épicas.
Nunca pude imaginar que teria um príncipe, como o que tenho hoje.

Sou filha de uma família muito unida. De sangue, tenho um irmão. De criação, uma irmã. De consideração, similaridade e total compreensão (de ambos os lados), um irmão mais velho. De convivência e carinho, uma irmã mais nova.
Mas, os fatos da minha vida (geralmente) envolvem meus dois irmãos: Tiago e Carla.
Tiago é aquele a quem dedico meu total cuidado, ciúmes e consideração. Só não consigo expressar muito bem.
Carla é minha irmã mais velha, criada no mesmo quintal, convivência diária há 21 anos, e quem sempre me ajudou em lições de casa, trabalhos da faculdade, entrevistas para o trabalho, conselhos de relacionamentos e por aí vai...

Em 2007, ganhei um cunhado. 07.07.07, para ser mais precisa.
Um cunhado super inteligente, diferente e muito legal comigo: Leandro.

Foi daí que surgiu o meu príncipe.

Alguns anos de casados, num domingo a noite os dois entram na minha casa, e Carla diz:
- Tenho uma coisa pra te contar!
Minha mãe, com seu sexto sentido infalível:
-Você tá grávida!

SIMMMMMMMMMMMMM!!!!!!
Minha irmã estava grávida.

Foram nove meses de expectativa, algumas pitadas de estresse emocional, perdas de roupas, ultrassons, enjôos, horror a chocolate, e muita ansiedade.

Confesso que era uma experiência muito nova pra mim. Já havia convivido com outras grávidas, mas essa era diferente. ERA MINHA IRMÃ!
Tudo fez sentido quando, pela primeira vez, pude ouvir a manifestação do meu príncipe: o palpitar de seu coração.
Mais gostoso de ouvir do que uma orquestra inteira tocando minha música predileta. Era o meu príncipe, falando comigo pela primeira vez.

Dispenso mais detalhes, pois não existem palavras para explicar o embrulho gostoso no meu estômago, naquele momento.
VOU SER TITIA!

Ok. Nove meses depois. Domingo a noite.
O príncipe começa a avisar ao mundo que estava chegando.
Em uma palavra: tremedeira.
Eu só tremia. Sabe quando você não consegue nem digitar uma mensagem no celular, de tanto nervoso? Então...

Nada no mundo pode comprar o momento em que eu vi uma mão gigante segurando um pequeno príncipe, indefeso, chorão e todo miudinho. Meu príncipe chegou!

Sabe qual é minha maior alegria, hoje?
Poder espalhar pra todos o prazer de ser tia. Poder chegar na faculdade todos os dias com uma novidade dele pra contar.
"Ele riu pra mim", "ele fez carinho no meu cabelo", "ele aprendeu a engatinhar", "ele ficou em pé, sozinho", "ele gorfou em mim", "ele cuspiu toda a comida na mãe dele", "ele aprendeu a pular em cima da minha barriga", "ele aprendeu a falar 'papá' e 'mamá' ", "ele me viu e estendeu os bracinhos"... e, o mais recente, "ele aprendeu a andar".


Pois é. O príncipe que eu tanto sonhei, era o meu sobrinho.

Não tenho receio de espalhar a todos o quanto me sinto completa, com ele.
Tenho três gigantes que fazem minha vida brilhar: Fernanda, Gabriel e Lucca.
Fernanda é minha pequena-grande professora. Gabriel é um encanto, me cativou (e continua cativando) em todos os sentidos.
Lucca é meu príncipe!

Sabe quando o sorriso de alguém te faz sorrir? É isso que ele faz comigo.
Sabe quando você pede pra Deus pra sempre ter determinada pessoa por perto? Lucca é uma dessas pessoas.
Sabe quando seu dia foi negro, e o brilho dos pequenos olhos verdes te fazem esquecer o caos?
Sabe quando ninguém consegue te animar, só o abraço de uma pessoa especial?

Ele é tudo isso pra mim.
É meu tão sonhado príncipe, minha alegria de todos os dias.

A única coisa que peço a Deus é: "Nunca me deixe ficar longe dos meus pequenos gigantes!"


Hoje é um dia especial.
Hoje é dia de festa.
Hoje é o dia do aniversário do meu príncipe.
Hoje, faz um ano que minha vida se realizou!